Criei este blog com o objetivo de compartilhar com vocês meus textos, pensamentos e reflexões. Divulgar eventos, projetos e etc e publicar artigos que tenham relação com o meu trabalho de Psicóloga Clínica e Palestrante e com as áreas de atuação do Grupo Pró Labore: saúde, educação, projetos sociais e culturais. Vamos ler, escrever, dialogar e interagir? Conto contigo!
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
E por falar em disLExia
“... O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: ...” Guimarães Rosa.
Vez por outra nos colocamos a conversar ou a pensar a respeito do que vem a ser a vida e é bastante comum ouvirmos dizer que “a vida é uma escola”. Tal afirmação nos dá o indicativo do quanto é importante estamos abertos a aprender e do quanto o processo de aprendizagem é fundamental para uma vida harmoniosa, na qual possamos ir modificando nossos comportamentos e nos expandindo na direção de novas ideias, concepções e posturas de vida. Acontece que o processo de aprendizagem está intimamente ligado ao de comunicação, pois é através dela que interagimos. Observar, sentir, vivenciar, interagir, comunicar-se, falar, ler, escrever e etc. são capacidades fundamentais para que o ser humano possa adaptar-se e saiba lidar com a vida, resolver seus impasses e extrair dela o que ela mais tiver de bom.
Entretanto, nem sempre tais habilidades se desenvolvem da mesma forma para todas as pessoas. É uma verdade que somos únicos e assim apresentamos formas diferentes de aprender e viver. O que também ocorre é que entraves podem se dar e estes atrapalham no desenvolvimento habitual de certas capacidades, como é o caso do que ocorre com os portadores da dislexia.
A dislexia é um dos distúrbios neurobiológico e funcional da aprendizagem e está relacionada à leitura e esta modifica a forma como se dá a aprendizagem das crianças fazendo com que essas apresentem dificuldades no processo de alfabetização, no reconhecimento e identificação do som, forma e identidade diferenciada das letras. Nela se dá a perturbação na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos e os fonemas, bem como na transformação de signos escritos em signos verbais. Após a compreensão das letras (som e forma) ocorrerá o entendimento das sílabas que associados formam as palavras que compõe as frases e que comunicam uma mensagem, um ensinamento, um pensamento, uma ideia e assim possibilitam a comunicação, a interação entre as pessoas, o desenvolvimento das inteligências e a vida em comunidade. Ela também pode se dar pela a dificuldade de compreender a leitura, após lesão do sistema nervoso central, apresentada por pessoa que anteriormente sabia ler, em função de patologias neurológicas ou acidentes que tenham atingido o sistema nervoso central.
As competências de leitura e escrita se desenvolvem a partir do bom funcionamento das conexões neuronais das diferentes áreas do cérebro e o que se dá na dislexia é que a “circuitaria cerebral” não funciona da forma adequada e habitual gerando dificuldades na aquisição competente das habilidades de ler e consequentemente escrever. Tais alterações podem ter origem genética, ligadas à hereditariedade e os fatores psicológicos estarão presentes neste distúrbio em consequência da forma com que se lidar com os problemas apresentados pelas crianças.
Estas crianças vão precisar de um maior esforço para compreender, memorizar, interpretar e raciocinar conteúdos veiculados através da leitura e escrita. Professores e pais precisarão de orientação profissional e boa dose de paciência, carinho e aceitação dessas características apresentadas pelo aluno e filho para que possam ajuda-lo em um ambiente de acolhimento e incentivo. A cobrança excessiva é sempre inadequada. Sua forma específica de aprender faz com que a criança e a pessoa disléxica tenham a necessidade de intervenções específicas (neuropediatra, fonoaudiologia, psicologia, etc), a fim de minorar as dificuldades e tornar o aprender mais fácil e prazeroso, já que estes entraves iniciais fazem com que as crianças desenvolvam sentimentos de frustração e inadequação frente aos colegas que estão se alfabetizando com mais facilidade. Isto pode cristalizar problemas psicológicos que vão merecer atenção profissional especializada. Portanto, na dislexia fala-se em uma dificuldade e não em uma impossibilidade na leitura e escrita que seriam casos mais graves nos quais as pessoas não tem acesso ao mundo simbólico de letras e números.
Ao pensarmos no ser humano precisamos nos lembrar de que somos seres de relação e de que a comunicação é fundamental para que possamos viver e nos desenvolver, pois é através dela que interagimos e vamos assim desenvolvendo nossa inteligência e habilidades. A leitura é fundamental para que se possa adquirir a escrita e se de o processo comunicacional. É importante que o disléxico pode levar uma vida normal desde que suas dificuldades sejam identificadas, aceitas, enfrentadas e trabalhadas. Não nos adianta utilizarmos o mecanismo de defesa da negação dos problemas. O que de fato vai ajudar a estas pessoas a lidarem com seus entraves é o enfrentamento dos mesmos e isto vai exigir coragem e determinação. Sabemos de casos de pessoas, profissionais e artistas famosos e bem sucedidos que conseguem viver e realizar conquistas. Temos os exemplos do diretor de filmes “Steven Spielberg”, a cantora Cher, os atores “Tom Cruise”, “Whoopi Golberg”, “Felipe Titto” e há indícios de que até mesmo o genial cientista “Albert Einstein”, só para citar alguns, era portador de dislexia. Em todos esses casos temos histórias de vida marcadas pelo enfrentamento corajoso das dificuldades que levam cada pessoa e cada família a buscar os caminhos da superação.
E voltando a Guimaraes Rosa:
“... A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é CORAGEM.”
Cláudia Tavares de Oliveira
Psicóloga - Psicopedagoga – Terapeuta de Famílias
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